Há 15
anos, quando comecei a trabalhar com áudio numa igreja evangélica, no Rio de
Janeiro, o que conhecia do assunto era exatamente nada. Era um estudante de
engenharia que conhecia alguma coisa de eletrônica e nada mais.
Naquela época não havia a farta
literatura e revistas técnicas que encontramos hoje, e estudar o assunto, mesmo
que por conta própria, era muito difícil. Sendo assim, o treinamento e a
especialização, eram privilégio de alguns.
Hoje, a situação que se
apresenta é completamente diversa daquela que encontrei quando comecei.
Existem, em diversos pontos do país, notadamente no eixo Rio-São Paulo,
empresas e profissionais competentes que oferecem seus serviços para treinar e
equipar aqueles que se dispuserem a aprender com know-how (conhecer-como) de
última geração.
O principal problema que
enfrentamos em nossas igrejas reside no fato de que as técnicas para o emprego
do Áudio evoluíram, mas nós, enquanto grandes usuários dessa ciência, ainda a
encaramos como um mero detalhe nos nossos processos litúrgicos.
Em geral nossos templos são
projetados levando-se em consideração os aspectos estéticos. São raros aqueles
onde se nota uma preocupação com a acústica, ou com a inteligibilidade da
mensagem musical ou da Palavra.
A preocupação é menor ainda
quando se trata de oferecer capacitação técnica àqueles que são responsáveis
por manter e operar o sistema de reforço sonoro, que deve oferecer boas
condições de inteligibilidade à transmissão dessas mensagens.
Freqüentemente os operadores de som (ou sonoplastas) são lembrados quando
ocorre algum problema durante o culto ou programa especial. Todos olham em sua
direção com expressões de recriminação em seus rostos como a dizer: “o que esse
rapaz pensa que está fazendo?”, ou ainda, “se eu estivesse lá, isso não
aconteceria”.
O fato é que, em grande parte
dos casos, “esse rapaz” para quem todos olham de forma condenatória, está ali
sem qualquer tipo de orientação ou, em muitos casos, sem conhecimento do
equipamento que tem em suas mãos para operar.
Precisamos nos lembrar que o
som produzido em nossas igrejas, seja ele falado ou musicado, é o principal
meio de comunicação do Evangelho e por isso deve ser tratado com a importância
que lhe é devida.
Há inúmeras vantagens em possuir, nas nossas
igrejas, equipes de operadores de som bem treinadas. Gostaria
de enumerar algumas:
1. Redução dos Riscos de Defeitos
A primeira vantagem de possuir
uma equipe treinada é a redução dos riscos de ocorrência de defeitos no sistema
de som.
Em vários trabalhos de
consultoria desenvolvidos junto às igrejas, tenho notado que boa parte dos
problemas encontrados nos equipamentos de áudio são causados pelos operadores.
O mais comum está relacionado
ao casamento de impedâncias entre o amplificador e as caixas acústicas. O
problema seria facilmente evitado se o operador tivesse passado por algum tipo
de treinamento onde veria, com toda a certeza, como fazer para casar as
impedâncias do amplificador com seus sonofletores.
Um operador treinado sabe como
dimensionar a bitola de seus cabos em relação às distâncias envolvidas no seu
sistema de reforço sonoro, sabe que tipo de cabo utilizar para conectar seus
vários equipamentos, etc.
São cuidados, dentre outros,
que prolongam a vida útil do sistema e que certamente redundam em economia de
gastos da igreja com técnicos de eletrônica ou com a aquisição de novos
aparelhos.
2. Orientação para Aquisição de Novos
Equipamentos
Outra vantagem do sonoplasta
capacitado se apresenta quando há necessidade da substituição de algum dos
equipamentos existentes, ou do redimensionamento do sistema como um todo.
Supondo que haja uma consultoria externa, o técnico de som é capaz de julgar a
eficácia das propostas do consultor, avaliar o trabalho que está sendo
desenvolvido, aconselhar a liderança da igreja nos procedimentos a serem
adotados, sempre levando em consideração a relação custo-benefício.
Nos últimos dez meses venho
prestando assessoria a uma igreja evangélica em Vitória, onde o responsável
pela sonoplastia é um técnico bastante competente e treinado. Em função disso,
estabeleceu-se uma comunicação eficiente e proveitosa. Ele, com os
conhecimentos adquiridos no treinamento e baseado em sua experiência, sabe
traduzir com eficiência as necessidades da igreja e avaliar com segurança a
qualidade da consultoria que lhe está sendo oferecida.
3. Qualidade na Reprodução Sonora
Por fim, uma outra vantagem de
se possuir uma equipe treinada é a qualidade da reprodução sonora na igreja.
No trabalho desenvolvido junto
às igrejas capixabas, tenho observado que as principais reclamações das
assistências são: volume muito alto, falta de inteligibilidade do que é dito ou
cantado, som agudo demais, etc… e a lista não tem fim.
Na verdade, a maior parte
desses problemas listados são conseqüência da inabilidade do operador em
aproveitar os recursos dos equipamentos disponíveis em suas mãos.
Com o treinamento, o operador
torna-se capacitado a utilizar todos os meios que, por exemplo, as mesas de som
e os equalizadores oferecem para que a qualidade do som que trafega em seus
circuitos seja a máxima possível.
David Fernandes
Tecnólogo em Telecomunicações e Consultor de Áudio
Membro da AES
audiocon.mail@uol.com.br
http://www.audionasigrejas.org/treinar-ou-nao-treinar-eis-a-questao/
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